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O mito do cavalo alfa

“O seu cavalo tem que te respeitar.”

“Você deve se impor para o seu cavalo.”

“Você tem que ser o Alfa da relação.”




Se você já escutou frases parecidas com essas, significa que a Teoria da Dominância está mais perto do seu cotidiano do que você imagina.


A Teoria da Dominância teve sua origem em 1940, com o estudo do biólogo Ruden Schenkel que observou o comportamento de lobos em cativeiro.


Essa teoria afirma que em uma alcateia existe uma hierarquia bem definida e o indivíduo que possui a mais alta patente é considerado o “Alfa”. O Alfa é o que toma decisão pelo grupo, ele é o chefe e exerce suas vontades ao se impor com demonstrações violentas.


Apesar do estudo tratar de lobos, em algum momento a Teoria da Dominância passou a se expandir e ser aplicada em diversas outras espécies como cães e cavalos.

Não houve ninguém capaz de evitar o equívoco que essa teoria causaria no nosso relacionamento com os animais…


Schenkel cometeu uma grande falha ao desenhar a Teoria da Dominância, porque observou um grupo de lobos machos adultos dentro de um cativeiro.


Na natureza, os lobos fazem parte de famílias compostas por um casal e seus filhotes. Os jovens quando começam a amadurecer saem do grupo à procura de parceiros para formar outras famílias e assim a espécie se perpetua.


Resumindo: a Teoria da Dominância foi desenhada em cima de um ambiente artificial, com um grupo social artificial, portanto ela não se aplica nem aos lobos e nem a qualquer outra espécie na natureza!


Mas o que há de errado com essa teoria? Ela é utilizada para justificar o emprego de violência na lida com cavalos.


Se fôssemos seguir o raciocínio dessa teoria, no caso dos cavalos, a tropa teria uma hierarquia bem clara, aonde em primeiro lugar vem o cavalo alfa: o garanhão. Esse cavalo defende a sua posição com coices, mordidas e manotadas.

Seria fácil demais se pudéssemos classificar os cavalos assim…


Na realidade não existe um Alfa que manda na tropa.


Os movimentos da manada podem ser guiados por qualquer um. Geralmente quem toma partida é o cavalo que está mais motivado (com sede ou fome, por exemplo). Os outros seguem por afinidade e instinto.


Em um ambiente natural as fêmeas prenhes frequentemente lideram o movimento da tropa pois se sentem mais motivadas a sanar suas necessidades.


Um cavalo só é agressivo com outro quando existe um recurso escasso a ser disputado: seja comida, água ou outro. Quem interpreta um recurso como escasso é o próprio cavalo.


Quando dois cavalos disputam, o embate vai depender se ambos estão motivados o bastante para entrar em uma luta. Geralmente um cavalo cede, dá preferência ao outro e com poucos gestos a disputa é resolvida. Quando a luta acontece, o cavalo que prevalece está mais motivado a guardar aquele recurso do que seu oponente.


Um cavalo considerado dominante é aquele que costuma ter prioridade sobre os recursos. Ele está disposto a disputar e guardar recursos de maneira mais intensa do que os outros. Esse cavalo não lidera o bando, inclusive costuma ser mais solitário e demonstra menos afinidade com outros cavalos.


Em um ambiente abundante os cavalos passam muito mais tempo em harmonia do que disputando entre si.


E por que é que isso é importante de saber? Ainda existe um movimento muito forte no mundo equestre que se baseia na Teoria da Dominância para treinar cavalos. Você precisa evitar essa falácia.


No ambiente doméstico, as disputas somente ocorrem quando a necessidade do cavalo supera a oferta de algum recurso. Seja um alimento, liberdade ou companhia.


Se o cavalo disputa com o ser humano, isso deve levantar questões para refletirmos sobre como sanar a necessidade desse cavalo, ao invés de pensar em como ganhar essa briga.


Você não precisa disputar com seu cavalo para treiná-lo.

Seu cavalo não é seu oponente. Ele é seu parceiro.

Você pode treinar dispondo de conhecimento correto.


Não deixe de conferir o nosso canal no Youtube e no Instagram, temos muito conteúdo para ajudar você a tornar-se parceiro do seu cavalo sem precisar confrontá-lo.





Caso se interesse em saber mais sobre comportamento equino e tenha prática na leitura em inglês, abaixo estão os links com as devidas fontes sobre o assunto:




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